quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

2009

Começei em Roma, passei dois fins-de-semana musicais em Londres e mais um de chocolates e mexilhões e bifes e cerveja na Bélgica. Pelo meio descobri o quão Sevilha pode ser deslumbrantemente romântica. Andei às compras na 5ª Avenida e encharquei-me nas Cataratas do Niagara. Ainda assim, Paris é a minha cidade.
Depois de 7 anos, mudei duas vezes de emprego. Aprendi que o dinheiro não traz a felicidade. E que aquela piada do "mas ajuda", não passa de uma piada. Mesmo! Aprendi que é preciso ter muita coragem para trocar o certo pelo incerto e que a tenho. Que acima de tudo me movo por aquilo em que acredito, que nem sempre acerto, mas que tenho a força para recomeçar as vezes que forem precisas.
Quando pensava que o meu coração, por já ter sido maltratado noutros tempos, não se ía dar às dores mais uma vez, enganei-me. Gostar de alguém também traz isso e de cada vez é sempre novo e dói que se farta. Sei, hoje, que vale a pena na mesma e que gostar é o melhor da vida.
2009 deu-me uma certeza: faz-me falta escrever.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

"A ignorância é meio caminho para a felicidade."

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Nunca fui fã do estilo da Manuela Moura Guedes nem assisti mais do que três vezes ao Jornal de Sexta. Não vi nada na TVI que não fosse o Big Brother, o primeiro, aquele do famoso pontapé do Mário. Afinal, sei pouco sobre a programação, mas o suficiente para saber que é (era?) a líder de audiências televisivas e que dá ao povo aquilo que o povo gosta. A saber: novelas. E, por isso, goste-se, ou não, há que reconhecer o mérito do José Eduardo Moniz, que, com a superioridade intelectual que lhe é reconhecida, a pôs no Top. À sua, maneira, e goste-se, e concorde-se ou não, há que reconhecer igual mérito à Manuela Moura Guedes e ao polémico e conhecido Jornal.
Não há é que ter orgulho em viver num país que todos os anos festeja a Liberdade com um feriado e cravos e vivas à democracia, mas que na vida de todos os dias, não a permite. E, francamente, nem sei o que é pior: se uma ditadura às claras, se autoritarismo político disfarçado de económico.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Open space

Para que não haja dúvidas nos próximos 90 anos de trabalho que ainda tenho pela frente (porque isto da idade da reforma, diz o Estado, é como a morte: vai-se adiando e quanto mais tarde melhor!), deixo aqui gravado: odeio, abomino trabalhar em Open Space.
Odeio que me forcem a fazer parte do que quer que seja e que me obriguem a socializar com quem não me identifico. Não gosto que se saiba quantas chiclets mastigo por dia, quantos cafés tomo, quantas vezes vou à net, quantos telefonemas faço e a quem faço e o que digo. Detesto ter de levar com as conversas dos outros a toda a hora, ter as mesmas caras mesmo à frente 10 horas por dia. Não suporto o barulho que se gera num espaço desse tipo, nem do esforço triplamente necessário de concentração.
Gosto muito da minha privacidade e não sou nem simpática quando não me apetece e para quem não me apetece, nem tolerante com a burrice alheia. Não me interessa a vida dos outros e detesto que se interessem pela minha. Salvo raríssimas excepções não faço amigos nos colegas de trabalho.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Desenganem-se os agoirentos que não apanhei a (famosa) Gripe A, não emigrei para nenhum país longínquo (ainda), nem me desiludi com a internet nem com os blogs. Nada disso. O tempo, que já não era muito ficou ainda mais reduzido e o acesso à internet ainda mais limitado. Vai daí, as visitas aos blogs que adoro são escassas e os comentários também. Dos posts no meu nem escrevo que o meu blog fala por si.
Mudei de emprego e as mudanças, como toda a gente sabe, têm este período de adaptação em que tudo parece mais complicado e mais exigente, têm pessoas novas para conhecer, têm uma adrenalina de que eu gosto e preciso. Gosto de mudanças, de superar dificuldades e, essencialmente, de desafios. Sinto-me mais viva agora do que há uns meses atrás e isso é bom. Isso só é bom.
Não sobra é muito para a interacção bloguística, mas lá chegarei.
Como alguém me escreveu, um dia, em sms:" always look at the bright side os life".

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Gosto da sensação de ouvir uma música pela primeira vez e de a rádio não permitir recorrer ao repeat, de a reter na memória e de ter de esperar que saia o cd para a poder ouvir vezes sem conta. Gosto da necessidade de a ter e do objectivo de a saber de cor. Gosto de a pôr a tocar e de ter a certeza que é uma grande música, que fará parte da banda sonora da minha vida. Gosto de a ouvir vezes sem conta, de me arrepiar sempre que me concentro nela, de saber a letra, de descobrir pormenores sonoros que escapam quando se ouve o conjunto. Gosto de me envolver nela e de me deixar levar. Gosto de a cantar e de pensar para mim mesma que a estou a estragar com a péssima voz que Deus me deu.
De vez em quando, lá sai uma que me permite tudo isto. Por agora chama-se "Sleepless heart" e é do Rodrigo Leão, do recém editado "A Mãe".

quarta-feira, 24 de junho de 2009

"Os opostos atraem-se, mas não se unem."
Ter um blog é fácil. Mantê-lo é que é complicado. Como qualquer coisa (pessoa?) para crescer saudável e interessante, precisa de ser alimentado e isso pressupõe tempo, dedicação, investimento e, obviamente, o desvendar de uma quantidade de coisas.
Há dias em que sim, me apetece escrever sobre mim, me apetece desabafar, abrir a alma e descarregar por palavras o que lá vai. Mas mesmo nesses dias, raramente me apetece que me leiam, raramente me apetece que fiquema saber sobre mim tanto quanto eu, que criem uma imagem e que achem que me conhecem de algum lado. Por isso não publico, guardo para mais tarde... apagar.
Noutros dias, apetece-me imaginar personagens, escrever como se fossem elas, dar largas à criatividade. Normalmente publico e rezo a todos os santos para não me comentarem a dar conselhos ou palpites, querendo ver mensagens nas entrelinhas e procurar a autora do blog dentro do personagem.
Noutras vezes, apetece-me desancar livros de merda, como o celebérrimo "Comer, Orar e Amar", de que toda a gente gosta menos eu, (bem, de que grande parte das mulheres divorciadas gosta, melhor dito) divagar sobre os concertos a que fui (ou irei) ou sobre os filmes que vejo no cinema e em DVD todos os fins de semana e que me despertam as emoções, postar uma das músicas da minha vida, descrever os lugares fantásticos por onde tenho passado e escrever sobre as cidades que me ficam na memória do coração. Mas cada vez menos o faço, sem qualquer outra razão que não seja a falta de tempo.
Consequentemente, limito-me a achar que tenho um blog.E que muito pouco faço para o manter.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Sentados na esplanada, enquanto tiravas um dos cubos de gelo da coca-cola com limão que tinhas pedido e o tricavas ruidosamente (esse hábito tão arrepiante e tão teu), não consegui deixar de pensar na força que o acaso tem. Se me tivessem dito há umas horas que ía encontrar uma das grandes paixões da minha vida em pleno Chiado a meio da tarde, tinha-me rido com a ignorância de quem só acredita nas coisas mais terrenas.
Eis-me aqui, à tua frente, nesta busca tão frenética de sinais familiares de quem sabe que tem o tempo contra si, que não me deixa ouvir tudo aquilo que dizes nem responder às perguntas que, com a curiosidade toldada pelo medo das respostas, me vais fazendo.
Começaste pelo mais fácil, elogiando o meu fato de saia e casaco enquanto olhas disfarçadamente para as minhas pernas e aproveitas para recordar o meu fascínio por sapatos de saltos vertiginosos. E eu constato que não mudaste, que sempre foste assim. São os elogios, os olhares ansiosos disfarçados com recordações. Sabes que as mulheres não resistem a elogios misturados com memórias. Sabes que as mulheres gostam que lhes gabem o gosto.
Seguiste para o profissional, aproveitando para me perguntares se continuo a viver no mesmo sítio, porque bem sabes que num T0 não cabe mais ninguém. Perguntas-me pelo meu gato que não simpatizava contigo. Mais uma vez apelas às recordações para me convenceres de que fui importante para ti. Falas, aliás, como se nenhum tempo nos tivesse separado e ainda soubesses onde guardo a lingerie e que preciso sempre de um banho bem quente antes de dormir.
E eu ouço-te e vou-te respondendo. E vou pensando para mim que nós continuamos sempre os mesmos. A nossa vida é que não.
Vai, pois, começar a contagem! :)

sexta-feira, 5 de junho de 2009

"In God we trust; the others pay cash."

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Nem sei se é bem tristeza o que sinto ao constatar que tenho mais consideração pelos outros do que eles têm por mim. Não se é tristeza, se é frustração, se é de resignação o sorriso que esboço quando venho uma e outra vez o mesmo filme. Ao início, ficava revoltada e chorava e sentia-me injusticada e perguntava por que razão eram as coisas assim comigo. Por não valer a pena, fui-me deixando disso. Talvez sejam os meus princípios demasiado rebuscados que me levam a pôr a bitola bem acima do normal e a tratar os outros com demasiado carinho, a dar-lhes demasiada atenção, a atender o telemóvel quando não me apetece, a fazer kilómetros para lhes fazer companhia e sei eu lá mais quantas coisas. No campo pessoal e no profissional, na vida toda, portanto, dou sempre mais do que recebo. Bem mais. Muito mais. E não espero o mesmo em troca. Espero menos. Mas nem esse menos consigo. Paciência!

terça-feira, 2 de junho de 2009

Odeio sentir o "quente" dos desconhecidos. Refiro-me àquela sensação de nos sentarmos numa cadeira aquecida porque alguém acabou de se levantar dali há pouco tempo ou o de nos agarrarmos ao varão no metro ou no autocarro e sentir que alguém esteve ali agarrado há segundos.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Nuno Lopes e os Globos de Ouro


Já que dizer mal é bem mais fácil do que dizer bem, podia-me pôr práqui a postar vestidos e a divagar sobre a pinderiquice que foram (são?!?!) os Globos de Ouro, porque, em Portugal, a ausência de gente bonita é notória e o glamour não é coisa que se force. Mas não me apetece mesmo ir por aí. O que me apetece mesmo é prestar uma homenagem (singela, é certo) ao Nuno Lopes, o responsável pel'O momento dos Globos de Ouro, e, se não o Melhor, pelo menos do Melhor que anda por Portugal. Que magnífico actor e que bonito ser humano!
(eu sei que já passou mais de uma semana, mas que querem? estive de férias!)

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Do que eu gostava mesmo mesmo era de saber a fórmula para recuperar a confiança em alguém.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

"Shame on you if you fool me once, shame on me if you fool me twice"

quinta-feira, 7 de maio de 2009



Ainda não foi desta...
Enquanto esperava, tentei abstrair-me da quantidade de barrigas gigantes que me rodeavam e das conversas sobre pernas inchadas e contagem de semanas que insistiam em meter-se no meio da Caras em que tinha pegado para passar o tempo. À saída, por entre o pagamento e o recibo e a marcação da próxima consulta, não pude deixar de reparar que o número de barrigas à espera tinha aumentado e muito e não pude deixar de sentir o ar de felicidade que pairava naquela sala de espera. Senti-me em filme alheio e com uma vontade enorme de sair dali rapidamente para não estragar o quadro. Na rua, senti-me mal por me sentir assim e vim o caminho todo a pensar na pressão que sinto sobre a maternidade.
São as bocas do "então, quando é que te decides?" ou "devias começar a pensar nisso" ou "vê lá que depois já ficas velha e não tens paciência" ou "olha que se não te despachas, quando os teus filhos forem adolescentes tens a idade dos teus avós". São os "queria tanto ter um neto ou uma neta para poder passear e me fazer companhia" ou "todos os meus amigos já são avós, só eu é que não" ou "ter um neto ´que me faria feliz". É o olhar à volta e ver que todos os casais amigos, já têm filhos, uns planeados, outros não. É o ouvir com orgulho a maneira como cada um fala dos seus filhos como se fossem seres absolutamente perfeitos e sempre os melhores e o orgulho com que dizem que já são pais e mães. É a inevitável deixa "é tão bom, tens de ter".
Eu gosto de crianças, gosto muito de crianças, aliás. Simplesmente, neste momento, não me apetece ser mãe. Não sinto que tenha chegado a minha hora. Não sinto que esteja preparada para assumir essa responsabilidade e tudo o que isso implica.
Não nego que tenha que ver com egoismo, mas não me apetece nada deixar de conhecer a parte do mundo que me falta, deixar de poder passar fins de semana onde bem me apetece. Não me apetece andar feita louca sem domir uma noite seguida, deixar de trabalhar uns meses, regressar e sentir-me um alien e passar o tempo a tentar conciliar as papas, as fraldas e os horários de loucos que um trabalho implica. Não me apetece ter a responsabilidade de ter alguém a meu cargo o tempo todo e para sempre e sentir que há alguém que precisa mesmo de mim, a quem eu não posso desiludir. Não me sinto capaz de educar ninguém, de ter o trabalho de dizer não e explicar porquê. Não me apetece tornar-me mais empregada doméstica do que já sou e deixar um filho ser criado por uma não é mesmo dos meus princípios. Como diria o Pedro Paixão "quase gosto da vida que tenho" e não me apetece mesmo mudá-la. Esta é que é a verdade.
O pior é que assumir isto é mais complicado do que parece. A mim, pesa-me a consciência porque era suposto eu sentir as coisas de outra maneira. E os outros, acham-me um ser egoísta e bizarro.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

"Celebra tudo aquilo que te faz feliz."


7 up

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Têm tendência para olhar para minha vida e darem palpites, manifestarem opiniões e fazerem sugestões. E eu, que ouço só até perceber onde querem chegar, quando chego à fase de desligar o som e ficar ali à espera que o assunto acabe de uma vez, só me pergunto por que raio é que acham que me conseguem convencer que os desejos deles são os meus. Quem é que lhes terá dito que a minha vida seria muito melhor se concretizasse os desejos deles em mim? Por que motivo escondido podem achar saber o que lhes faz falta também me faz a mim? Como é que podem insinuar que o que querem é o que eu também quero?
Preferia mil vezes que me dissessem que se fizesse assim ou assado ELES seriam mais felizes. Eu logo veria o que poderia fazer, se poderia ajudar ou não, se lhes poderia valer. Agora fazerem-me crer que sou a tolinha que não sabe avaliar o que é melhor para si mesma ou que não sabe escolher o caminho, isso é que não.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Se eu pudesse, avançava os ponteiros do relógio mais umas horas e fazia os dias do calendário avançar mais um bocadinho. Matava esta ansiedade, sabendo o que o futuro mais próximo me reserva.
Não queria saber tudo; isso não, que fazia a vida perder metade da piada. Saber que nunca mais iria sorrir ao olhar para trás e pensar na relatividade das coisas, faz-me logo desistir da ideia. Não quero saber do futuro em grande escala Não quero saber se vou morrer aos 50 ou aos 80, se vou ter filhos ou não, onde estarei a trabalhar daqui a uns anos. Não me interessa saber o que o futuro me reserva, porque gosto de surpresas, porque gosto muito de surpresas, e porque, bem vistas as coisas, tenho tido uma boa vida. (E tenho feito por isso.) E também não me interessava muito regressar ao passado para o mudar. Talvez seja porque não me preocupa o que já lá vai e talvez seja porque a memória, a minha memória, guarda bem mais as coisas boas. (Felizmente!)
Preocupa-me o presente sim, o viver em ansiedade, o não me sentir bem neste momento e saber que tudo se deve a ter de esperar. Detesto esperar seja pelo que fôr. Detesto não ter o controlo das minhas coisas, estar dependente dos outros ou de alguma coisa.

quinta-feira, 23 de abril de 2009



Não foi o facto de ter sido descoberta uma pessoa que é feia e canta soberbamente que pôs esta senhora nas luzes da ribalta. Desenganem-se. O que fez despultar a controvérsia foi o preconceito que todos nós nos demos conta de ter, quer o assumamos quer não.

Uma imagem vende muito, é certo. A nossa aparência dá, inevitavelmente, uma ideia de nós. Não é à toa que nos vestimos de uma determinada forma para trabalhar, de outra para sair à noite e de outra para ir de fim-de-semana. Nessa escolha tão vulgar, e tantas vezes mecânica, ainda que inconscientemente, pretendemos transmitir uma determinada imagem a nosso respeito, queremos ser vistos pelos outros de uma determinada maneira. Isto não tem nada a ver com o facto de se ser bonito ou feio. Há pessoas bonitas que cuidam muito pouco da aparência e há pessoas bem feias que cuidam tanto da aparência que quase disfarçam que são feias. Com a subjectividade inerente, poderia, aqui, dar imensos exemplos e pôr imensas fotografias, mas não estou pra isso.

Aparecer alguém que, objectivamente, é feia, faz-nos logo pré-conceber uma ideia sobre a pessoa, soltar lá bem no íntimo "coitada" ou o famoso "que é isto?!" e, como se costuma dizer, não dar nada por ela. E falo da primeira impressão, não de um reconhecimento intelectual que levou anos a construir a que, depois, se juntou uma imagem. Quando a pessoa demonstra ter capacidades que em nada se comparam com o físico, como foi o caso da Susan Boyle, é que são elas. Há que engolir o sapo, reconhecer o preconceito e render-se perante as evidências. Depois, há que melhorar-lhe a aparência... Então no mundo do espectáculo, não haja dúvidas. Dou uns meses para a mulher aparecer remodelada.

Pior que isto é, sem dúvida, quanto a mim, a aceitação resignada da bela estúpida a que nos habituámos. Rendemo-nos perante a beleza de alguém que mal consegue articular duas ideias, que não atinge aquilo que se lhe diz e que auto-denomina esquecida ou distraída, como se fossem sinónimos de burrice. Aceitamos mais facilmente alguém que seja gira e burra, e conseguimos conviver com esse alguém perfeitamente. Dá-se-lhe o desconto em nome do belo e ignora-se o resto. E isto porquê? Porque, de facto, quer se goste muito, quer pouco, toda a gente gosta de olhar para coisas bonitas, de estar acompanhado de pessoas bonitas.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

terça-feira, 21 de abril de 2009

Ainda gostava de saber se esta mania dos almoços (e jantares) é só portuguesa ou se o resto do mundo faz igual. Por terras lusas, parece que ninguém sabe tratar de nada se não tiver uma almoço pelo meio. Toda a gente convida toda a gente para almoçar quando quer mais alguma coisa do que isso. Sejam conversas profissionais, sejam de tipo mais íntimo, lá está o almoço. E eu, que almoço porque tem de ser, não entendo esta mania de discutir coisas às refeições, quando toda a gente sabe (ou deveria saber) que não se fala com a boca cheia.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Caloteiros há para todos os gostos. Depois de alguns (demasiados) anos a aturá-los, já me começa a faltar a paciência para a conversa da treta de quem estoirou o que tinha e o que não tinha e entalou os outros e ainda acha que a sorte é que não está a seu favor porque as coisas até corriam bem. Pois corriam. Enquanto é pedir e gastar, é óbvio que correm bem. A sorte só muda quando a torneira seca e há que pagar. Ou que ir pagando. Aí é que são elas. E lá vêm as lamúrias, as queixas, os choros, os ai Jesus, as promessas, o enrolar de mentiras umas nas outras.
Não sou contra o crédito, antes pelo contrário. Aceito que o crédito, quando usado com bom senso, como, aliás, tudo na vida, é uma grande mais valia que nos permite concretizar sonhos que, de outra forma, seriam completamente negados mal surgissem no pensamento. É a forma que temos de ir ao outro lado do mundo, de ter uma casa ou um carro, de comprar aqueles sapatos que vimos e a que não resitimos, de dar aquele presente, etc, etc. Numa sociedade em constante evolução, em que tudo está tão à mão de semear, em que os apelos da publicidade são mais do que muitos, em que proliferam shoppings como cogumelos, é impossível querer viver negando essa realidade qual carmelitas descalças a quem basta o essencial ou viver segundo os parâmetros dos nossos bisavós que juntavam para poderem ter. É claro que a nós, geração coca-cola, não nos basta ter o necessário para o dia a dia e com os ordenados que por aí andam nunca mais conseguíamos ir a Nova York se estivessemos à espera de juntar dinheiro.
Mas daí até perder o norte e confundirmos o que somos com o que temos vai uma distância bem grande. Quer se goste, quer não, o que se ganha não dá para férias do outro lado do mundo a toda a hora, roupa, sapatos e cabeleireiros todas as semanas, grandes carros e casas ainda maiores, para o último iphone. Há que ter consciência do que se ganha e do que se pode ter, compreender que para se terem umas coisas não se podem ter outras e optar por aquilo que realmente nos faz felizes, estabelecendo prioridades. Salvaguardar o essencial, darmo-nos a um luxo ou outro de vez em quando e não perder a noção do valor das coisas. E não esquecer que não passam de coisas.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Houve tempos em que joguei tanto Tetris que mal podia esperar para jogar de novo e cheguei mesmo ao ponto de sonhar com as peças. Numas férias, cheguei a fazer tantas palavras-cruzadas que só via quadrados à minha frente. Vi a série integral de "O sexo e a cidade" apenas com os intervalos necessários ao trabalho e às necessidades essenciais de higiéne e alimentação. Agora, e porque a idade não muda gente viciável como eu, cá ando a ler sofregamente a obra póstuma de um dos mais geniais escritores de todo o sempre. Senhoras e senhores: Stieg Larsson!

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Não gosto. Detesto a expressão "como se não houvesse amanhã". Explicação? Não tenho. Soa-me mal como tudo e tenho-a lido vezes a mais. Deve ser por isso.


Juro pela minha saudinha que até tentei. Aliás, estou desde as 8h30m da manhã a tentar, mas como ainda não consegui, parece que estou condenada a não fazer as contra-alegações hoje. Já escrevi algumas linhas, mas a falta de convicção impera e nota-se. Se desse entrada do que escrevi hoje ía ter vergonha na certa quando recebesse o Acórdão. Por isso, mais vale aproveitar as férias judiciais e esperar por melhores dias, isto é, por dias mais produtivos, que este até não tem sido nada mau. Já deu para falar no messenger mais do que numa semana inteira, para actualizar a leitura dos blogs, fazer pesquisas para as férias, pagar contas e fazer marcações daquilo que é mesmo essencial à sobrevivência, como seja ir ao cabeleireiro ou à manicure. Sobretudo, já deu para decidir que o final do dia vai ser passado de molho, com cigarros e martini, a Elle e a Máxima por companhia. Só falta mesmo é que o tempo passe e possa ir fazer algo produtivo.
Imaginemos: eu vou ao médico, queixo-me disto ou daquilo e saio de lá com uma receita de um medicamento que irá curar o meu mal. Na ânsia de me curar rapidamente, corro à farmácia mais próxima e o farmacêutico diz-me que há um medicamento mais barato do que aquele que fará a mesma coisa e pergunta-me se não prefiro levar o mais barato. Fico em dúvida, com a consciência balançada entre o meter algum ao bolso e o barato sai caro.
Parece que tem sido isto que anda por aí a acontecer e que consegiu pôr em segundo plano, pelo menos por um dia o caso Freeport. (Valha-nos isso!)
Eu que não percebo nada dessas coisas, mas que ando aqui como os outros e até páro para pensar um bocadinho, questiono-me. Até percebo que os médicos não prescrevam os genéricos porque, com os ordenados fabulosos que têm, estão-se bem nas tintas para mais uns euros que o paciente possa gastar porque o importante é alimentar os laboratórios que lhes dão uma viagem à pala com mulher incluída, um DVD portátil ou uma esferográfica (ok, ok, também há os que acreditam no potencial do medicamento). Percebo também que o Governo, preocupado em zelar com a saúde financeira dos contribuintes, e da sua, pois claro, tenha todo o interesse em potenciar o consumo de genéricos e que ainda não tenha tido tempo para pensar num meio eficiente de o fazer. O que não percebo mesmo, é a preocupação, à partida com nenhum outro interesse que não seja baixar os custos das famílias com os medicamentos, da Associação Nacional de Farmácias. Mas lá chegarei.
Nas "histórias de amor", o começo, mais ou menos ardente, é sempre bonito. O final, quando não é o clássico "e foram felizes para sempre", pode ser uma grande chatice. Conheço os dois lados dessa chatice. O lado de quem levou com os pés e não engole e o lado de quem deu com os pés para se ver livre e não consegue.
Quem levou com os pés e não engole tem-se em tal conta que não consegue compreender o facto de o mundo, afinal, ter alguém que não lhe achou assim tanta piada. Vê o outro como um inimigo a abater, desdanha, inventa trinta por uma linha para lhe atingir o ego, faz-lhe a vida negra por todas as maneiras que tem ao seu alcance, tenta denegrir a imagem. Enquanto anda nisto, deixa de ter vida. Acredito mais que seja uma questão de ego do que propriamente uma obsessão com o outro. A menos que estejamos a falar de doentes mentais, (e nem toda a gente egocêntica é doente mental) não me parece francamente que seja mais do que uma questão de ego. As perguntas "como é que ele me pôde fazer isto?", "quem é que ele julga que é?" aliadas a uma imaginação maldosamente perversa, dão lugar a perseguições, riscos no carro, cartas e telefonemas anónimos, difamação, etc, etc. A pessoa está tão habituada a controlar as situações (ou a julgar que controla) e que o mundo que a rodeia a acha a melhor do mundo que gere mal as contrariedades, não sabe lidar com a rejeição e acha que vale tudo para se vingar do mal que o outro lhe fez. Não consegue discernir que o outro não lhe fez mal nenhum, que, enquanto pessoa, é dotado de livre arbítrio e que não está preso a ela só porque ela quer. Mostrou-lhe que há um mundo que lhe agrada mais e que não a inclui e que está no seu direito. Mostrou-lhe, enfim, que o mundo não gira em trono dela, satisfazendo os seus caprichos só porque sim, só porque ela está habituada a isso.
O lado de quem deu com os pés para se ver livre e não vê é bem mais complicado, acho eu. Querer seguir com a vida prá frente, enterrar definitivamente aqueles que não farão mais parte não significa forçosamente não lhe ter dado a devida importância nem considerá-los como um erro. Nem todos os que fazem parte de um passado são erros só porque não serão futuro. Por mais que façam para se mostrarem presentes, se fôr a bem, não conseguem provocar outro sentimento que não seja compaixão; se fôr a mal, tornam-se um parasita de quem a pessoa se tem de conseguir libertar dê lá por onde der, e conseguem apagar o que de bom um passado teve.
Como em tudo na vida, as posições extremas não são boas para ninguém. Nem para quem é causa nem para quem é consequência. Melhor, melhor, será mesmo, aguentar a dor, dar tempo ao tempo, concentrar-se na sua própria vida, esquecer e deixar esquecer.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

www.abreafelicidade.com

Há coisas mesmo, mas mesmo, muito bonitas!

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Primeiro é preciso arranjar sobre o que escrever. É preciso ter assunto ou, pelo menos, fingir que se tem. Seja o sexo dos anjos, o feminino versus masculino, o tempo, a última colecção da Prada, o amor ou o desamor, os carros, as viagens, o trabalho ou a falta dele, as aventuras dos filhos. Vale tudo, desde que dê para tecer considerações, comentários, ilusões, desabafos ou o que quer que seja.
Depois, é preciso dar-lhe forma. É preciso perceber por que é que se quer escrever sobre determinado assunto, o que é que se quer transmitir com a escrita e o que se sente em relação a ele. É precisa muita inspiração e muita dedicação. É preciso muita paciência, muita análise, muita argumentação e contra-argumentação, muita imaginação para tocar onde ninguém tocou (ou, pelo menos ter essa ambição) e muita criatividade. É preciso originalidade. Sentido de humor, mais ou menos acentuado, é imprescindível.
Quando o cursor começa a piscar, é necessário construir bem as frases, utilizar os tempos verbais acertados, não dar erros ortográficos, e, no caso de utilizar outra língua, certificar-se mesmo que não há erros de tipo nenhum. Têm de pôr-se as vírgulas no sítio certo e os pontos e os parágrafos.
Depois, é preciso, ler, reler, tornar a ler. Ficar satisfeito com o resultado e clicar no "publicar mensagem".
É preciso muito para escrever. Por isso, é que, por aqui, não tem havido muitos posts.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Quando somos pequenos, é com frequência, e com alguma esperança de sermos engraçadinhos e de conseguir provocar algum colorido no mundo acinzentado dos adultos, que nos bombardeiam com a famosoa pergunta "O que queres ser quando fores grande?'". Vamo-nos tornando (ou tentando) grandes e vamos sendo, a maior parte das vezes, alguém bem distante daquele(a) em que achávamos que nos íamos tornar. Tornamo-nos alguém e essa pergunta deveria deixar de existir ou deveria deixar de fazer sentido. Só que a vida é feita de futuro, de quereres e de vontades e de circunstâncias, de caminhos cruzados e de opções constantes que traçam o nosso destino mais à frente. O que queremos hoje, pode já não fazer tanto sentido amanhã. Quem escolhemos para fazer parte do presente pode encaixar no nosso futuro (ou vice-versa). E questionamos muitas vezes o sentido que a nossa vida está a levar. Muitas vezes, partimos a louça, damos uma reviravolta e começamos tudo de novo. Não do zero, mas com o saber feito da experiência e com a capacidade de auto-análise e de percepção mais apurada. E a pergunta "o que queres ser quando fores grande?" continua lá. Só que, desta vez, feita por nós.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Se nos cruzamos com alguém que já não víamos há algum tempo e essa pessoa nos diz "Nem te conhecia! Estás muito bonita!", será um elogio?

terça-feira, 24 de março de 2009

"A vantagem de ter péssima memória é divertir-se muitas vezes com as mesmas coisas boas como se fosse a primeira vez."

Friedrich Nietzche

segunda-feira, 23 de março de 2009

Somos geniais a agarrarmo-nos a uma réstia de esperança e a fazer castelos no ar, a imaginar um golpe de sorte que poderá mudar tudo e a convencermo-nos que, se acreditarmos mesmo, se fizermos muita força, até pode ser que aconteca aquilo que tanto queremos.
Para ser absolutamente sincera, estou-me completamente nas tintas para o futebol. Para o jogo em si e para tudo o que o envolve. O jogo, em Portugal, é mau que se farta. O futebol português é arrastado, parado, sem construção de jogadas, com muitas faltas e insultos, paragens por tudo e por nada. O que o rodeia é pior: são vidas pouco transparentes, cheias de trafulhices, é ver quem é que engana o próximo e se acha mais esperto por isso, são envelopes e mais envelopes e processos que nunca dão em nada, são agressões constantes, são adeptos fantáticos, é gente tendenciosa a defender a sua equipa acima de tudo, treinadores de bancada, flash interviews sem jeito nenhum e conferências de imprensa em jeito de assunto de estado. Acima de tudo, é aquela coisa de que toda a gente parece perceber. (E muito.) De que toda a gente consegue falar, opinar, aconselhar, discutir, intervir.
O motor desta petição, o doutorado em futebol, Rui Santos, nem sequer é personagem com quem simpatize por aí além. A seriedade que quer impôr às coisas do futebol, as comparações mais ou menos cultas que faz a cada passo e o paralelismo com as coisas que relamente interessam ao mundo, irritam-me solenemente. Mas não são as minhas embirrações pessoais que práqui interessam.
Assinei porque, como em tudo na vida, acredito que as coisas se devem passar de forma justa. Os roubos que se passam mais ou menos ostensivamente no mundo do futebol, causados ou causadores, de actos de corrupção e de enriquecimentos relâmpago, devem ser efectivamente combatidos. E se as novas tecnologias puderem dar uma ajuda, acho absolutamente defensável.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Gostava de ter outro feito. De ser mais resignada e de achar que o que tenho e o que faço já é bom que chegue e não pensar em ir mais além. Gostava de acreditar que a vida é apenas isto e aceitar que a realidade é sempre diferente dos sonhos, que os sonhos nunca se concretizam todos nem por todo. Gostava de não assumir os sonhos dos outros como se dos meus se tratassem e não me importasse realmente em realizá-los (ou ajudar a realizá-los). Gostava até de não prestar tanta atenção aos outros e aos problemas dos outros. Gostava de ser capaz de deixar de lutar pelas coisas em acredito e de deixar de tentar mudar o meu mundo quando acho que as coisas não estão bem. Ser capaz de olhar para o lado, de ignorar o que está mal e de deixar andar. De acreditar que o tempo conserta tudo e o que não tem remédio remediado está. Ser capaz de assistir impávida e serena àquilo que eu acho erros, sem manifestar qualquer tipo de opinião. De conseguir dar até a outra face, de vez em quando.
Seria bem bom ser um bocadinho mais egoísta, mais resignada, menos impulsiva, menos emotiva.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Por mais que queira, não posso deixar de pensar que é pouco... Há gente que, de gente, tem muito pouco. E eu, por pensar assim, se calhar, também. Que se lixe!

terça-feira, 17 de março de 2009

"Enquanto fazes o paralelismo entre a tua vida e a vida do país, dou por mim a perder-me na descoberta das diferenças que o tempo provocou em ti. As físicas, vejo eu; as psicológicas, contas-me tu. Que vives em crise, à beira do colapso, mas que tens de ter calma e esperar por melhores dias que uma viragem agora, por mais pequena que fosse, deitaria tudo a perder. E tens mais a perder do que a ganhar com a mudança. Que o certo que tens, ainda que não te complete, dá-te aquela segurança da rotina diária e qualquer pessoa no teu lugar se sentiria feliz na tua vida. Que tens filhos e reponsabilidades e que não ganhas para te sustentar a ti quanto mais a eles. Que não és livre de fazer o que te dá na real gana e, se fosses, nem sabes o que farias. Que nem todos são como o que tens dentro dos lençóis, que, apesar do encanto de outros tempos já lá ir bem longe, consegue olhar para ti como a mãe e a mulher que envelheceu com ele e lhe proporcionou uma data de coisas na vida, e não como a quarentona, com rugas acumuladas pelas noites mal dormidas e queimadelas de tanto fazer jantares e almoços. Que esse outro, apesar das mensagens sôfregas a meio da manhã, que levam aos almoços clandestinos à beira-mar e a às tardes passadas no motel que estiver mais à mão, não é para sempre. Se os outros não foram, este não será certamente. Que não lho podes dizer para não quebrar o encanto e que assim vais andando até um dia. Que por mais que até te apetecesse mudar de vez, não podes, que a tua vida não está para isso. Que a tua vida não te permite isso."

quinta-feira, 12 de março de 2009

Qual paridade qual quê?

Paridade, igualdade, não discriminação em função do sexo, tudo tretas. Por mais que custe, por mais camufladas que as coisas estejam e que, aparentemente, já tenha havido uma grande alteração de mentalidades, a verdade, verdadinha é que pouco mudou e pouco mudará nas próximas décadas (séculos?). As mulheres não são tratadas como os homens, não têm as mesmas oportunidades. Têm mais obrigações e mais tarefas, isso sim.
Uma mulher (das modernas, das denominadas modernas) estudou o mesmo número de anos (ou mais), teve as mesmas notas (ou mais), trabalha as mesmas horas (ou mais), tem as mesmas responsabilidades (ou mais). Se quer investir na carreira, tem de pensar como é que vai fazer com o jantar, com a roupa que se acumula para lavar e passar, em que empregada vai contratar, no tempo que tem para fazer a lista do supermercado e para lá ir. Tem de organizar a casa e organizar-se a si. Se quer ter filhos e trabalha, tem de pensar muito bem em quando os vai ter, se é o momento certo ou se mais vale esperar, tem de pensar em como irá reagir a entidade patronal com a licença de maternidade e com as saídas e faltas que se seguirão nos primeiros anos de vida dos filhos. Tem de lidar com o envelhecimento como uma maldade da natureza que lhe atrofia as oportunidades e lhe nega a sedução, que as mulheres não são homens e os cabelos brancos não agradam e não são sinónimo de charme, nem de experiência, nem de estabilidade profissional. Uma mulher tem o relógio biológico sempre a trabalhar.
O homem, quer se goste, quer não, assume, mais ou menos descaradamente, uma posição bem superior, bem mais vantajosa. Qual é o homem que está disposto a sacrificar a carreira em prol de um filho? Qual é o homem que toma a iniciativa de arcar com as lides domésticas? Qual é o homem que não tem se acha capaz de seduzir uma miúda mais nova?
Não me venham cá falar em igualdade, porque a igualdade se vê nas pequenas coisas. E se a natureza não permite essa igualdade, não se fez nem faz por compensá-la. Porque as mentalidades demoram tempo a mudar e nem sempre dá jeito mudá-las.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Há dias assim

Há dias em que me canso de puxar pelos outros. Não me apetece ser aquilo que esperam de mim, porque as (minhas) forças também acabam e o espírito não é sempre o mesmo. Não estou para conselhos ponderados, nem análises profundas de vidas alheias que esperam que as impulsione com uma palavra acertada. Não estou para provocar risos nem sorrisos. Não me apetece fazer planos que preencham a minha vida e a dos outros, nem para iniciativas de qualquer género. Não me apetece ter ideias para dar, conversas para alimentar. Não me apetece socializar. Não sinto forças para discutir o sexo dos anjos nem os comportamentos dos humanos. Não me apetece dizer nem mal nem bem do que me rodeia. O que me apetecia mesmo era que me esquecessem por uns dias, deixar as obrigações e recuperar forças, ter um plano só meu traçado por mim ao sabor dos meus desejos e das minhas vontades. Apenas. Desejos e vontades e planos em que não tivesse de incluir ninguém e sobre os quais ninguém tivesse que opinar. Simplesmente porque não têm nada com isso. Hoje, não me apetecia ter laços de tipo algum. Nem responsabilidades e muito menos obrigações. Apetecia-me, sim, uma rede presa numa árvore ao sol, o silêncio e as construções dos meus castelos no ar. Só dos meus.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Confessou que era viciado na paixão. Não o percebi logo. Aliás, só a convivência prolongada e profunda me fez entender a afirmação que, naquele dia, usou como cartão de visita. Recebi telefonemas a meio da noite num pranto em que mal se distinguiam as palavras, fotografias por e-mail de louras e morenas na praia e na neve em biquinis ou de gorro, jantámos nunca os mesmos quatro por mais do que duas vezes, soube-o mais longe ou mais perto, a mudar de vida em função desta ou daquela. Contava-me, mais do que o que fazia com elas, o que fazia por elas, com os olhos a brilhar de um entusiasmo novo na medida em que elas também o eram. Eram flores entregues no local de trabalho e chocolates em forma de telegrama, eram fins-de-semana em Paris num hotel digno da Grace Kelly. Arranjava nomes carinhosos sempre diferentes para todas elas. O que não suportava era a rotina. Aprendi a perceber no incremento de séries que via e de camisas compradas que o fim tinha chegado. Deixava de haver entusiasmo na voz. Os e-mails não passavam de fowards de piadas e de vídeos. O sorriso, ainda que sincero, não tinha aquela força que iluminava o olhar. Das primeiras vezes, motivada pela ignorância de quem não sente da mesma maneira, quis saber o motivo da inconstância. Recebi como resposta, a frase que lhe serviu de apresentação.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009


No próximo domingo, as escolhas serão feitas.
Eu aposto:
- melhor filme, melhor realizador: "Slumdog millionaire", Danny Boyle (ainda que o tudo o que haja no filme que se identifique com o livro, seja mera coincidência);
- melhor actor: Sean Penn (no Milk e por todos os outros, por tudo);
- melhor actriz: Kate Winslet (até a preferi no Revolutionary Road, mas como está nomeada no Reader, que seja);
- melhor actriz secundária: Penélope Cruz (que papelão no Vicky Cristina Barcelona e que gira).
e o resto pouco interessa.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009


Pode ser porque a vida (ainda) me proporciona certo tipo de facilidades como a de ter forma de ir comprando aquilo de que gosto ao longo do ano (enfim, não tudo) ou pode ser porque o assunto roupa já me interessou bem mais. Pode. Pode ser também que seja por raramente gastar muito dinheiro nesse tipo de coisas, por achar que no ano seguinte já não gosto e, como tal, não vale a pena investir muito. Pode ser porque é necessária muita paciência para a roupa amontoada e meio-estragada de tanto pega e larga. Pode ser ainda pelas filas para pagar e pelos encontrões que se leva nas lojas. Pode.
Mas que é sobretudo por achar tempo perdido em vão, é.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Às vezes, dá-me para me pôr de fora de mim e olhar-me, como se olhasse outra pessoa que não eu. Olho para mim e descubro inúmeros defeitos e coisas menos boas que bem podia limar para me tornar uma pessoa melhor. Outros, sei que já nem vale a pena tentar limá-los ou mudá-los. Tenho mais é que viver com eles.
Um desses é a mania que eu tenho de levar tudo à exaustão. Bem, não tudo, confesso.
O Philip Roth foi um desses. Ou melhor, os livros dele. Embora soubesse que já tinha escrito alguns antes, comecei por ler o Todo o Mundo, que, obviamente amei. Amei pela história em si, pela escrita, pelo sentido de humor, pelo realismo. Li-o em dois dias bem medidos e amei. Considerei-o mesmo um dos livros da minha vida. Vai daí, toca de ler o Animal moribundo e o Património. Fui gostando cada vez menos. O último que li, há pouco mais de uma semana, O Fantasma sai de cena, já foi uma autêntico calvário literário. Não que a escrita dele tenha piorado ou que o livro não tenha interesse ou que as personagens sejam ocas. Ele escreve divinamente. Tomara eu! O problema é que exagerei na dose. E agora acho que é sempre mais do mesmo: homens mais velhos, doenças, encantos por miúdas mais novas, escritores e pronto. Tudo muito bem feito, tudo muito bem escrito, é certo. Mas isto.
Com o Sandór Marai aconteceu exactamente o mesmo. Li As velas ardem até ao fim duas vezes e venerei. É, sem dúvida, um dos livros mais bonitos que li na vida. Depois a Herança de Eszter e A Mulher certa e já me chega. A qualidade foi decaíndo. O primeiro que li é, sem dúvida nenhuma, o melhor.
Sei bem que a solução seria lê-los mais espaçadamente. Mas, como disse, tenho este problema de levar tudo à exaustão. E, assim sendo, quanto a estes autores (e a "otras cositas más"), estamos conversados.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

"Não há só os bons e os maus - há também maus que podem ter algumas boas razões e bons que podem ter comportamentos maus."

Miguel Sousa Tavares


Faz toda a diferença, acordar e ver o sol. Sentir que os dias são maiores, que às cinco da tarde ainda não é de noite. Ter luz, calorzinho e sentir que já não há-de demorar muito para deixar as botas, os cachecóis e os casacos e passar aos tops e às sandálias, às cores, aos cabelos mais claros e à pele mais escura. Não tarda nada já há fins-de-tarde na esplanada, dias de praia e fins-de-semana fora que fazem todo o sentido. Está quase!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

"Queria mesmo muito ser tua amiga. Amiga de verdade, amiga a sério. Como aquelas que eu já tive e que se perderam no tempo porque o espaço mudou. Gostava que fosses a minha confidente e eu a tua, mesmo no silêncio. É tão confortável o silêncio quando sinónimo de cumplicidade... Eu contava-te a minha vida e tu contavas-me a tua. Ampararias o meu choro quando as coisas não vão tão bem e irias comprrender a confusão que vai na minha cabeça tantas vezes. Dir-me-ías as verdades, duras e cruas, porque a ti tudo permitiria. Quando me achasses mais gorda, fazias-me ir ao ginásio e aconselhavas-me os mais recentes truques de maquilhagem quando os dias não são bons. Sentir-te-ías na minha casa como na tua e passaríamos serões a ver DVDs a comer queijo com vinho tinto, seguido de muitos cigarros e de um jogo de crapôt. Às vezes, saíriamos por aí. Iríamos comprar as futilidades que nos fariam felizes, almoçaríamos na esplanada ou iríamos dançar uma noite inteira seguida. Jamais nos queixaríamos a alguém de fora se, por algum motivo, nos desentendessemos. Respeitarias as minhas diferenças e eu as tuas. Seriamos amigas a sério. E eu ía gostar."

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009


Fazemos planos, olhamos em frente, projectamos tudo num futuro incerto. Muitas vezes queremos mudar só porque sim e nem avaliamos bem as consequências. Outras vezes, mesmo com grande planeamento, o acaso faz das suas, troca-nos as voltas e acontece aquilo que nunca supusemos viesse a acontecer. É assim a vida. Por mais que queiramos controlá-la, de quando em vez controla-nos ela, põe-nos à prova, testa a nossa capacidade de adaptação, de reacção e até de invenção.
Por mais preparados que nos sintamos para uma mudança, por mais seguros que nos sintamos por já termos pintado todos os cenários prováveis e improváveis e que já tenhamos respostas para eles, no dia D, há sempre aquele receio do incerto. E há também aquela nostalgia de tudo o que foi. E há ainda, às vezes, a vontade de deixar tudo como está porque se sabe com o que se conta.
O Tribunal da Boa Hora vai fechar as portas e mudar-se para a Expo. Não faz sentido, há muito, trabalhar num edifício que já foi bonito, em plena Baixa da Cidade, sem estruturas ou infrestruturas. Vai dar lugar a um hotel que, de certeza, lhe fará um milagre de rejuvenescimento e que se fará pagar por isso. É o sinal da modernidade, a certeza de que será melhor. Fica a nostalgia de um edifício cheio de histórias descaracterizado dentro de pouco.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009


Depois de um fim-de-semana cheio de filmes, tenho de assumir que, cada vez, gosto mais de filmes de gente. De gente que ri, chora, grita, ama e odeia, que se perde na vida e que se encontra. De gente como eu (como nós?).

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009



Detesto falar com alguém que põe o telefone em alta-voz. Não me venham cá dizer que é prático, que deixa as mãos livres para fazer outras coisas e que é bem melhor do que os torcicolos causados pelo apoio do telemóvel ou do auscultador do ombro segurado com o pescoço que isso, a mim, não me diz nada. É horrível falar com alguém que põe o telemóvel em alta voz e pronto.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Em relação aos fundamentos das declarações "polémicas" de Dom José Policarpo da passada semana, limito-me a dizer que o Senhor está cobertinho de razão e que basta ler um ou dois daqueles livros que retraram o que, em nome de uma religião, os homens ousam fazer às mulheres para achar que ele ainda foi muito suave.
Isto não há cá religiões melhores nem piores. O que há é abusos cometidos em nome de um Deus e que resultam apenas de interpretações humanas de textos que dão azo aos mais revoltantes actos de falta de humanismo. E se na católica já não se praticam tais actos de forma tão ousada quanto há uns míseros séculos, essa que segue o Corão está bastante mais atrasada.
Dom José chamou a atenção para o assunto e fez bem. Muitíssimo bem. Não se trata de dizer que a minha religião é melhor do que a tua, nem de dizer que eles é que são os maus. Do que se tratou foi, no meu ponto de vista, de chamar a atenção para o facto de se ter bem a noção de que uma união com alguém de tal religião poderia trazer resultados bem negativos.
Não disse nada que não se soubesse já. O que não fez - e daí a polémica - foi dizer o que ninguém tem coragem de dizer. Porque faz parte do bom entendimento o não se falar em assuntos melindrosos, o não ferir susceptibilidades e o fazer de conta que não existe, que não se vê ou que não se sabe.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis."

Fernando Pessoa



Segundo li, vai voltar à carga a discussão do casamento entre homosexuais.
Eu sou completamente a favor e não entendo, francamente, as mentes retrógragas e pseudo-púdicas que se afirmam contra. Aliás, a não ser pelo preconceito religioso, não li ainda uma opinião fundamentada do grande mal que vem ao mundo se pessoas do mesmo sexo tiverem o direito de poder contrair matrimónio entre si.
Do pouco que sei dos cânones religiosos, a finalidade última do casamento é a procriação e o casamento é para todo o sempre (aquela história que o que Deus uniu o homem não pode separar e tal). O que equivale a dizer que só se podem casar pessoas de sexo diferente porque são as únicas capazes de ter filhos, que isso sim interessa mais do que o amor. E que, corram as coisas bem ou mal, estejam as pessoas felizes ou não (filhos incluídos), vão ter de se gramar um ao outro até oa fim dos seus dias, qual castigo por se terem junto em alguma fase das suas vidas.
Dando de barato que ainda há gente que se identifica com tais cânones e que, por isso mesmo, e apenas por isso, decidiu casar pela Igreja, há que convir que a maioria da população (felizmente, quanto a mim), não se revê em nada disto. A maioria das pessoas que casa pelo Igreja fá-lo ou para agradar aos progenitores ou porque a espectacularidade do acto é bem maior. E por nenhuma outra razão. E nem esses casam com a finalidade única de ter filhos e com a certeza de estar a criar um vínculo que seja mais duradouro do que o amor que os une.
A vida mudou, as realidades mudaram e os cânones em questão não se compadecem com a nossa realidade. Ponto final. Ter filhos, mesmo que seja um objectivo (que o é na maior parte dos casos) é mais complicado hoje do que há anos atrás e o amor para sempre até pode existir, mas é cada vez mais raro. Convenhamos.
(Sobre isto, os casamentos entre heterosexuais, se me der praí, poderei falar noutro post.)
As pessoas casam-se porque, em determinada altura, querem juntar a sua vida à da pessoa que amam, convencidas que o sempre equivale a enquanto houver amor entre eles, porque querem dar uma maior seriedade ao relacionamento ou mostrar ao mundo que se amam e que apostam naquela relação de um modo especial. Podem querer ou não ter filhos, mas não é isso que os move.
Sendo esta a realidade das coisas, não consigo entender por que motivo há praí gente a achar que pode impedir que duas pessoas do mesmo sexo optem por casar. Como se amar alguém do mesmo sexo fosse menos digno do que amar alguém do sexo oposto e, por esse motivo, não se pudesse conferir seriedade oficializando um relacionamento. Porque, poesia à parte, é mesmo disso que se trata: de oficializar as coisas. A homosexualidade é mais do que normal nos dias que correm. Já se deixou essa discussão há muito tempo, felizmente. E o casamento, mais do que banal nos dias de hoje. Portanto, qual é o grande problema de duas pessoas do mesmo sexo irem à Conservatória do Registo Civil, e assinarem um contrato de comunhão de vida?
O amor entre eles não é menor. É tão digno de respeito e de celebração como o dos outros.
(Ah, e não. Não é um reflexo da minha orientação política.)

Das coisas inexplicáveis que tenho na minha vida, uma delas é o abominar o cheiro de tangerinas, clementinas, naranjas, laranjas e afins. Detesto, põe-me agoniada, mal-disposta, enjoada e sei lá mais o quê.
Não como nada disso porque não suporto o cheiro. E não consigo estar perto de alguém que esteja a comer tal coisa ou que tenha acabado de a comer.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Bimby

Este fim-de-semana, conheci pessoalmente a Bimby.
Depois de ter ouvido falar tanto e tão bem, depois de ter lido alguma coisa sobre o assunto para poder saber do que falam, conheci-a. Não sucumbi a uma demonstração com o intuito de ma vender (ainda não estou nesse ponto de demência de aceitar demonstradores/vendedores em casa para impingirem electrodomésticos), mas jantei um jantarinho feito nela (quase todo) feito por alguém completamente rendido aos seus encantos que não se cansou de a elogiar a cada garfada.
Não foi (desta vez) por uma questão de mau feitio, mas sim uma questão de forretice, ou melhor, de ter mais o que fazer com o meu rico dinheirinho, e de análise objectiva e com uma visão prática da culinária de que a experiência já me dotou que me fizeram não me render aos pseudo-encantos da dita.
A Bimby é cara como tudo. Melhor, para as minhas necessidades de cozinha, é um investimento que não compensa. Jamais pagaria € 1.000,00 por um electrodoméstico que faz o que ela faz. Se fizesse tudo aquilo que eu sonho que um electrodoméstico possa fazer, aí sim, pagava isso e até mais. Talvez um dia lá cheguemos.
Lá no livro de receitas (bem giro, por sinal) que a acompanha, diz que a Bimby faz desde sopas, a arroz de polvo, a gelados, a bacalhau com natas, a lasanha. Uma multiplicidade de coisas. Para meu desencanto, não é bem assim. Fazer tudo isso, para mim, implica, ir comprar os ingredientes, lavá-los, cortá-los, misturá-los, pô-los no recipiente correcto e fazê-los chegar à mesa. E isso, a Bimby não faz. Ir ao supermercado, vamos nós; lavar e cortar os alimentos, lavamos nós; colocá-los dentro dela, colocamos nós; ligá-la, escolher a velocidade e o tempo, escolhemos nós. No caso de pastéis de bacalhau, por exemplo, ela mistura tudo, é um facto, mas não os frita. Logo, depois da Bimby, cá entramos nós a fritá-los, se queremos. Com a lasanha o mesmo. Há que dispôr em camadas e levar ao forno.
Portanto, quando muito, a Bimby presta uma ajuda. Uma ajuda preciosa para quem desconhece em absoluto o mundo da culinária e gosta da tecnologia. Para quem nunca fez nada, ter uma ajuda que indique as quantidades e que misture no tempo certo, é importante. Conseguir "fazer" comida comestível, é uma vitória. E mais vale fazê-lo com na Bimby do que não o fazer de todo.
Agora para quem cozinha (melhor ou pior), a Bimby é uma ilusão perfeitamente dispensável.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Fases

Quando nascemos, o círculo das pessoas que nos rodeia é formado pelos pais e familiares mais próximos. O conceito de amizade, de empatia por estranhos e da construção de relações com eles vai surgindo à medida que vamos construindo a nossa vida, deixando esta de nos cair do céu ou de nos ser imposta. Parte do nosso livre arbítrio, sim, mas também das circunstâncias da vida. Da nossa e da dos outros.
Não é à toa que escolhemos A ou B para serem nossos amigos (e eles nos escolhem a nós, bem entendido), não é à toa que nos sentimos mais próximos de A ou B em certo momento. Tem tudo, mas tudo, a ver com a fase da vida em que nos encontramos e eles se encontram. É essa fase que faz as cumplicidades serem mais fortes. E as amizades também.
Se o meu horário de trabalho é de noite, é natural que me aproxime mais de quem está acordado às mesmas horas que eu. Se estou a preparar o meu casamento, interessam-me mais as conversas de quem já preparou o seu, do que as conversas sobre o que se passa nos bares da moda. Se estou a divorciar-me, procuro quem já se divorciou e quem se está a divorciar e não quem tem um casamento 5 estrelas (se é que há casamentos 5 estrelas). Se tenho pouco dinheiro, procuro quem possa gastar tão pouco quanto eu e não quem acha que uns sapatos de € 500 são perfeitamente acessíveis. E por aí fora.
Se isto vale para o início da amizade, vale também para o desenrolar dela. As aproximações e empatias iniciais estão lá. Ficaram lá. Provocaram vivências inesquecíveis que uniram as pessoas. Podem é manter-se ou nem tanto. Dependendo das circunstâncias da vida, a empatia que se sente com o amigo A ou com o amigo B vão sendo diferentes. E os temas de conversa também. Mesmo que não se diga, pensa-se: "para que é que te vou falar disto se tu não entendes?". Mais vale falar de outra coisa. E, convenhamos: entre amigos mesmo, há sempre qualquer coisa.

Quem ou quando?



No fim-de-semana passado, entre outros, vi este "Definitely, Maybe" de Adam Brooks.
Questionado pela fiha de 10 anos, o pai, em processo de divórcio, vê-se obrigado a contar à filha a história de amor da sua vida. Ainda que o objectivo fosse esta conhecer a história de amor dos pais, o que se vem a descobrir é que o pai tem, porque o deixou fugir em dada altura, o amor da sua vida por reencontrar. Escusado será dizer que, como é costume com este realizador, tudo acaba bem.
Um filme light, uma comédia romântica... simpática.
Há uma frase dita pela April a certa altura do filme (num dos rasgos de aprofundar temas, mas que não passa disso) que me ficou na cabeça. Diz mais ou menos que não interessa tanto o quem, mas sim o quando, referindo-se, naturalemente, às pessoas por quem nos apaixonamos. Traduzindo livremente, o princípe encantado pode cruzar-se no teu caminho aos 18 e não te aperceberes que é o teu princípe encantado e o sapo pode cruzar-se contigo aos 50 e perceberes que é o princípe.
Eu que, assumidamente, acredito no destino e na alma gémea, não posso concordar.
É certo que (com a margem de erro que cabe às generalizações) a maioria das pessoas, na fase da adolescência, da descoberta do eu e do outro, não está minimamente preocupada em saber se quem está ali ao lado é aquele com quem se vai partilhar a vida toda, o pai certo para os filhos ou o marido que vai ter o jantar pronto quando chega a casa. Isso são antevisões que nem sequer existem, "preocupações" que não fazem mesmo parte. Há mas é uma vida para viver, gente para conhecer e o tempo não é para perder. Por isso, pode até deixar-se passar alguém verdadeiramente especial. Mas não a alma gémea.
A alma gémea, o princípe ou a princesa encantado/a, se forem mesmo os verdadeiros, irão reaparecer mais tarde, com toda a certeza.
Se o mais tarde é quando realmente se sente a necessidade de acalmar, de partilhar, de construir um futuro a dois e depois a 3 ou a 4 e por aí fora, esse mais tarde está ligado a alguém de jeito. Se já se esperou tanto tempo e não surgiu o tal, a exigência aumenta. Mais do que saber o que se quer, sabe-se quem se quer. E isso não é algo de que se abra mão. Não se aceita um substituto só porque sim, porque se está na idade. Se a idade tem alguma coisa a ver com isto, tem forçosamente de ser no sentido de uma maior exigência, e, ao contrário do que se diz no filme, tem tudo a ver com o quem.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Cuspir no prato em que se comeu

Está certo que a paixão tolda a inteligência e a reduz quase a zero e que há coisas inexplicáveis nem que se passem milhões de anos. É vulgar uma pessoa apaixonar-se, viver aquela paixão e achar que "é desta", não conseguir ver o que os outros vêem e andar enganada um tempo. É vulgar acordar depois e achar impossível ter andado tanto tempo adormecida, cega para as evidências e ter até vergonha de se ter apaixonado assim. É mais ou menos vulgar mostrar tal arrepndimento à amiga mais próxima e fazer tudo para esquecer o assunto e apagar os vestígios da possibilidade de alguém vir a descobrir tal facto. É.
Infelizmente, mais vulgar do que isto é o famoso "cuspir no prato em que se comeu" ou "sujar a água em que se lavou" (esta é mais recente para mim). Vulgar e triste como tudo. Ao contrário do que parece, não anula o outro e enaltece quem o diz. Não faz quem está a ouvir pensar que o outro é essa merda que está a ser descrita. O que provoca (pelo menos o que me provoca) é aquela sensação de estar perante alguém mal resolvido, que não engoliu muito bem o fim e que quase de certezinha que não queria o fim. Soa-me a gente mal amada, mal fodida e frustrada.
Por pior que tenham corrido as coisas, já a minha avó dizia que "a culpa não morre solteira" e que "quem desdenha quer comprar". Por isso, quem passou à frente, de facto, quem pôs e aceitou o ponto final, quer mas é um parágrafo novo, uma página nova se possível e nem se lembra sequer dos defeitos de quem já lá vai. Muito menos gasta energia a deitar abaixo. Simplesmente porque já não tem sequer essa importância.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

"Já perdi a conta às vezes que fiz refresh na página do teu blog, na esperança de que, por magia, lá estivesses a contar-me mais de ti. Que ideia a minha achar que tu escreves para mim e que mais ninguém te lê, agora que os blogs são a moda da internet! Logo tu que nem sequer imaginas que eu existo e que te leio e que te imagino num corpo e numa cara que são só meus. Logo tu que estás tão nas tintas para quem te lê que fazes questão de não aderir ao sitemeter. Escreves porque te apetece apenas. Não permites comentários nem tens um e-mail para onde eu possa escrever quando o desespero já é mais do que muito. É que a falta de posts pode sempre indiciar que te fartaste e que foste à tua vida. E isso, magoa-me. Magoa-me saber que tu tens uma vida para além desta e uma cara e um corpo que não são os que eu imagino. Que te alimentas e que trabalhas e que acordas com alguém que não eu. E que eu não posso fazer mais do que continuar a ler-te. E a imaginar-te. E a ter-te só para mim assim."

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Se há coisa que temo na vida é de me tornar uma mulher amarga. Mais do que perder a lucidez e viver num mundo só meu que me faça andar aos encontrões no meio da rua, tenho pavor mesmo é de amargar.
(In)felizmente, tenho-me cruzado com mulheres deste tipo e fujo delas como o diabo da cruz. Não sou paciente nem tolerante nem compreensiva, lamento. Trazem más energias e acho-as um caso completamente perdido. Abrem a boca para sair veneno, sugam a energia alheia, só descansam quando vencem o interlocutor pelo cansaço que o leva a dizer amén a todas as baboseiras que lhes saem pela boca fora, como se o mundo fosse o vilão que lhes fez mal, a elas, pobres coitadas, que só merecem o melhor e sempre fizeram por isso. Incapazes de reconhecer os próprios erros, de analisar, ainda que semi-objectivamente, as causas e as consequências, destilam veneno por todos os poros, exigem compaixão e invejam o que de bom acontece aos outros, mesmo que se armem na mais altruísta das almas. Não estão bem consigo mesmas, nem com ninguém. Mas negam ajuda. Só querem que as ouçam e que lhes digam que sim. Nada de contrariar nem de sequer ousar dizer umas verdades, que a realidade delas é bem penosa e já chega de contrariedades. São egocêntricas e egoísticas e cegas.
Diferentes, são as mulheres amarguradas. Tiveram também as suas desilusões de vida, porque esta, afinal, não saiu nem perto do que imaginaram. Mas aceitam. Em sofrimento, mas aceitam. Aceitam sem querer contaminar o resto do mundo com os seus males e desejando aos outros que vivam a vida deles da melhor maneira e que não cometam os erros que elas cometeram. Lutam por um mundo melhor, para os outros, que ao seu já não há grande volta a dar.