sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Fases

Quando nascemos, o círculo das pessoas que nos rodeia é formado pelos pais e familiares mais próximos. O conceito de amizade, de empatia por estranhos e da construção de relações com eles vai surgindo à medida que vamos construindo a nossa vida, deixando esta de nos cair do céu ou de nos ser imposta. Parte do nosso livre arbítrio, sim, mas também das circunstâncias da vida. Da nossa e da dos outros.
Não é à toa que escolhemos A ou B para serem nossos amigos (e eles nos escolhem a nós, bem entendido), não é à toa que nos sentimos mais próximos de A ou B em certo momento. Tem tudo, mas tudo, a ver com a fase da vida em que nos encontramos e eles se encontram. É essa fase que faz as cumplicidades serem mais fortes. E as amizades também.
Se o meu horário de trabalho é de noite, é natural que me aproxime mais de quem está acordado às mesmas horas que eu. Se estou a preparar o meu casamento, interessam-me mais as conversas de quem já preparou o seu, do que as conversas sobre o que se passa nos bares da moda. Se estou a divorciar-me, procuro quem já se divorciou e quem se está a divorciar e não quem tem um casamento 5 estrelas (se é que há casamentos 5 estrelas). Se tenho pouco dinheiro, procuro quem possa gastar tão pouco quanto eu e não quem acha que uns sapatos de € 500 são perfeitamente acessíveis. E por aí fora.
Se isto vale para o início da amizade, vale também para o desenrolar dela. As aproximações e empatias iniciais estão lá. Ficaram lá. Provocaram vivências inesquecíveis que uniram as pessoas. Podem é manter-se ou nem tanto. Dependendo das circunstâncias da vida, a empatia que se sente com o amigo A ou com o amigo B vão sendo diferentes. E os temas de conversa também. Mesmo que não se diga, pensa-se: "para que é que te vou falar disto se tu não entendes?". Mais vale falar de outra coisa. E, convenhamos: entre amigos mesmo, há sempre qualquer coisa.

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