sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Quem ou quando?



No fim-de-semana passado, entre outros, vi este "Definitely, Maybe" de Adam Brooks.
Questionado pela fiha de 10 anos, o pai, em processo de divórcio, vê-se obrigado a contar à filha a história de amor da sua vida. Ainda que o objectivo fosse esta conhecer a história de amor dos pais, o que se vem a descobrir é que o pai tem, porque o deixou fugir em dada altura, o amor da sua vida por reencontrar. Escusado será dizer que, como é costume com este realizador, tudo acaba bem.
Um filme light, uma comédia romântica... simpática.
Há uma frase dita pela April a certa altura do filme (num dos rasgos de aprofundar temas, mas que não passa disso) que me ficou na cabeça. Diz mais ou menos que não interessa tanto o quem, mas sim o quando, referindo-se, naturalemente, às pessoas por quem nos apaixonamos. Traduzindo livremente, o princípe encantado pode cruzar-se no teu caminho aos 18 e não te aperceberes que é o teu princípe encantado e o sapo pode cruzar-se contigo aos 50 e perceberes que é o princípe.
Eu que, assumidamente, acredito no destino e na alma gémea, não posso concordar.
É certo que (com a margem de erro que cabe às generalizações) a maioria das pessoas, na fase da adolescência, da descoberta do eu e do outro, não está minimamente preocupada em saber se quem está ali ao lado é aquele com quem se vai partilhar a vida toda, o pai certo para os filhos ou o marido que vai ter o jantar pronto quando chega a casa. Isso são antevisões que nem sequer existem, "preocupações" que não fazem mesmo parte. Há mas é uma vida para viver, gente para conhecer e o tempo não é para perder. Por isso, pode até deixar-se passar alguém verdadeiramente especial. Mas não a alma gémea.
A alma gémea, o princípe ou a princesa encantado/a, se forem mesmo os verdadeiros, irão reaparecer mais tarde, com toda a certeza.
Se o mais tarde é quando realmente se sente a necessidade de acalmar, de partilhar, de construir um futuro a dois e depois a 3 ou a 4 e por aí fora, esse mais tarde está ligado a alguém de jeito. Se já se esperou tanto tempo e não surgiu o tal, a exigência aumenta. Mais do que saber o que se quer, sabe-se quem se quer. E isso não é algo de que se abra mão. Não se aceita um substituto só porque sim, porque se está na idade. Se a idade tem alguma coisa a ver com isto, tem forçosamente de ser no sentido de uma maior exigência, e, ao contrário do que se diz no filme, tem tudo a ver com o quem.

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