quinta-feira, 29 de abril de 2010




Ok, assim, rendo-me ao futebol.
Estou a cinco semanas da primeira semana de férias depois de um ano inteiro em que a minha vida deu mais voltas do que alguma vez podia imaginar ou querer. Estou a tentar beber, pelo menos, 1,5 l de água por dia e a esquecer o sabor do chocolate. Estou a tentar ignorar o ambiente de desmotivação que reina nesta gente que me rodeia e a fazer tudo por tudo para não me deixar contagiar. Estou a ignorar propositadamente que há sítios bem melhores para trabalhar porque não tenho forças para os procurar nem para estar à altura deles neste momento. Estou a beber 5 cafés por dia e a chegar a casa com uma dor de cabeça monstruosa. Estou sem memória e estou sem força. Estou irritável e com muito pouca paciência para o que/quem quer que seja. Estou muito cansada. E, pior: cansada de estar cansada.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Vozes

Foi graças à actual colega de gabinete que percebi algo que mudou realmente a minha vida.
A pobre da rapariga balda-se ao trabalho como gente grande, mas não é isso que me incomoda. Posso achar bem ou não, mas isto não é meu e já há muito que me deixei de tomar as dores dos outros. Também não são os sapatos de vela que insiste em usar com calças demasiado curtas, nem as argolas de ouro à peixeira de Vila do Conde, nem o aspecto de quem tirou a roupa do armário completamente às escuras e se vestiu e saiu de casa sem passar perto de um espelho. Posso achar que há mínimos a cumprir no que implica com a poluição visual, mas não passo disto. Nem sequer são os constantes "desligastes", "dissestes", "comestes" ou "viestes", que isso da gramática ou se aprende em pequenino ou não há nada a fazer. É mesmo o tom de voz.
Graças a ela, dei-me conta do quanto as vozes têm influência no meu relacionamento com as pessoas. Do quanto me fazem aproximar ou evitar. Da importância que dou ao timbre de voz e ao uso da mesma. Gosto de vozes graves, roucas até. Gosto de gente que fala baixo, pausadamente, que diz as letras todas das palavras, que só berra quando um berro resolve mesmo. Gosto de vozes de final de tarde.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Se desejar mudasse alguma coisa, já há muito tempo que tinha conseguido sossegar as palavras e não as verbalizar antes do tempo. Já tinha conseguido contar até 100 antes de emitir a minha opinião e não me arrependeria tantas vezes não do conteúdo, mas da forma. Tinha-me, por certo, magoado menos vezes e magoado os outros só quando fosse essa a intenção. Já tinha uma conta bancária bem mais composta e bastante menos futilidades espalhadas pelas gavetas. Perdia bem menos tempo preocupada com o futuro e vivia um pouco mais o dia a dia. Conseguiria dizer mais vezes "não", sorrir mais vezes e chorar outra tantas. Concentrar-me-ia mais em mim e na minha vida do que nos que me rodeiam e a quem quero bem. Tinha parado já de me desdobrar em mais do que aquilo que me é pedido. Já tinha atirado certas coisas para trás das costas e seguido em frente. Não tinha fantasmas, nem medos que atraem outros e que não me dão descanso. Estava, de certeza, noutro país. Nesse das maravilhas. Já só havia sol e temperatura amena e tardes a ler na esplanada à beira-mar. Não me ía apetecer chocolate nunca e teria trocado o pão quente pela alface e não teria pesos na consciência. Se desejar mudasse alguma coisa, já muita coisa teria mudado.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

segunda-feira, 5 de abril de 2010

"Não faças demasiados planos para a vida, pois podes estragar os planos que a vida tem para ti" Agostinho Silva