quarta-feira, 28 de abril de 2010

Vozes

Foi graças à actual colega de gabinete que percebi algo que mudou realmente a minha vida.
A pobre da rapariga balda-se ao trabalho como gente grande, mas não é isso que me incomoda. Posso achar bem ou não, mas isto não é meu e já há muito que me deixei de tomar as dores dos outros. Também não são os sapatos de vela que insiste em usar com calças demasiado curtas, nem as argolas de ouro à peixeira de Vila do Conde, nem o aspecto de quem tirou a roupa do armário completamente às escuras e se vestiu e saiu de casa sem passar perto de um espelho. Posso achar que há mínimos a cumprir no que implica com a poluição visual, mas não passo disto. Nem sequer são os constantes "desligastes", "dissestes", "comestes" ou "viestes", que isso da gramática ou se aprende em pequenino ou não há nada a fazer. É mesmo o tom de voz.
Graças a ela, dei-me conta do quanto as vozes têm influência no meu relacionamento com as pessoas. Do quanto me fazem aproximar ou evitar. Da importância que dou ao timbre de voz e ao uso da mesma. Gosto de vozes graves, roucas até. Gosto de gente que fala baixo, pausadamente, que diz as letras todas das palavras, que só berra quando um berro resolve mesmo. Gosto de vozes de final de tarde.

2 comentários:

CPrice disse...

.. vozes douradas de por de sol salpicadas de sumo de limão em dias quentes.
Nunca tinha pensado nisso, eu.

Obrigada :)))

C disse...

CPrice: miss you.