quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Às vezes, dá-me para me pôr de fora de mim e olhar-me, como se olhasse outra pessoa que não eu. Olho para mim e descubro inúmeros defeitos e coisas menos boas que bem podia limar para me tornar uma pessoa melhor. Outros, sei que já nem vale a pena tentar limá-los ou mudá-los. Tenho mais é que viver com eles.
Um desses é a mania que eu tenho de levar tudo à exaustão. Bem, não tudo, confesso.
O Philip Roth foi um desses. Ou melhor, os livros dele. Embora soubesse que já tinha escrito alguns antes, comecei por ler o Todo o Mundo, que, obviamente amei. Amei pela história em si, pela escrita, pelo sentido de humor, pelo realismo. Li-o em dois dias bem medidos e amei. Considerei-o mesmo um dos livros da minha vida. Vai daí, toca de ler o Animal moribundo e o Património. Fui gostando cada vez menos. O último que li, há pouco mais de uma semana, O Fantasma sai de cena, já foi uma autêntico calvário literário. Não que a escrita dele tenha piorado ou que o livro não tenha interesse ou que as personagens sejam ocas. Ele escreve divinamente. Tomara eu! O problema é que exagerei na dose. E agora acho que é sempre mais do mesmo: homens mais velhos, doenças, encantos por miúdas mais novas, escritores e pronto. Tudo muito bem feito, tudo muito bem escrito, é certo. Mas isto.
Com o Sandór Marai aconteceu exactamente o mesmo. Li As velas ardem até ao fim duas vezes e venerei. É, sem dúvida, um dos livros mais bonitos que li na vida. Depois a Herança de Eszter e A Mulher certa e já me chega. A qualidade foi decaíndo. O primeiro que li é, sem dúvida nenhuma, o melhor.
Sei bem que a solução seria lê-los mais espaçadamente. Mas, como disse, tenho este problema de levar tudo à exaustão. E, assim sendo, quanto a estes autores (e a "otras cositas más"), estamos conversados.

1 comentário:

Mozka Tché Tché disse...

mhhh... demasiados livros em tão pouco tempo... mhhh...