quinta-feira, 16 de abril de 2009

Caloteiros há para todos os gostos. Depois de alguns (demasiados) anos a aturá-los, já me começa a faltar a paciência para a conversa da treta de quem estoirou o que tinha e o que não tinha e entalou os outros e ainda acha que a sorte é que não está a seu favor porque as coisas até corriam bem. Pois corriam. Enquanto é pedir e gastar, é óbvio que correm bem. A sorte só muda quando a torneira seca e há que pagar. Ou que ir pagando. Aí é que são elas. E lá vêm as lamúrias, as queixas, os choros, os ai Jesus, as promessas, o enrolar de mentiras umas nas outras.
Não sou contra o crédito, antes pelo contrário. Aceito que o crédito, quando usado com bom senso, como, aliás, tudo na vida, é uma grande mais valia que nos permite concretizar sonhos que, de outra forma, seriam completamente negados mal surgissem no pensamento. É a forma que temos de ir ao outro lado do mundo, de ter uma casa ou um carro, de comprar aqueles sapatos que vimos e a que não resitimos, de dar aquele presente, etc, etc. Numa sociedade em constante evolução, em que tudo está tão à mão de semear, em que os apelos da publicidade são mais do que muitos, em que proliferam shoppings como cogumelos, é impossível querer viver negando essa realidade qual carmelitas descalças a quem basta o essencial ou viver segundo os parâmetros dos nossos bisavós que juntavam para poderem ter. É claro que a nós, geração coca-cola, não nos basta ter o necessário para o dia a dia e com os ordenados que por aí andam nunca mais conseguíamos ir a Nova York se estivessemos à espera de juntar dinheiro.
Mas daí até perder o norte e confundirmos o que somos com o que temos vai uma distância bem grande. Quer se goste, quer não, o que se ganha não dá para férias do outro lado do mundo a toda a hora, roupa, sapatos e cabeleireiros todas as semanas, grandes carros e casas ainda maiores, para o último iphone. Há que ter consciência do que se ganha e do que se pode ter, compreender que para se terem umas coisas não se podem ter outras e optar por aquilo que realmente nos faz felizes, estabelecendo prioridades. Salvaguardar o essencial, darmo-nos a um luxo ou outro de vez em quando e não perder a noção do valor das coisas. E não esquecer que não passam de coisas.

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