quinta-feira, 5 de março de 2009

Confessou que era viciado na paixão. Não o percebi logo. Aliás, só a convivência prolongada e profunda me fez entender a afirmação que, naquele dia, usou como cartão de visita. Recebi telefonemas a meio da noite num pranto em que mal se distinguiam as palavras, fotografias por e-mail de louras e morenas na praia e na neve em biquinis ou de gorro, jantámos nunca os mesmos quatro por mais do que duas vezes, soube-o mais longe ou mais perto, a mudar de vida em função desta ou daquela. Contava-me, mais do que o que fazia com elas, o que fazia por elas, com os olhos a brilhar de um entusiasmo novo na medida em que elas também o eram. Eram flores entregues no local de trabalho e chocolates em forma de telegrama, eram fins-de-semana em Paris num hotel digno da Grace Kelly. Arranjava nomes carinhosos sempre diferentes para todas elas. O que não suportava era a rotina. Aprendi a perceber no incremento de séries que via e de camisas compradas que o fim tinha chegado. Deixava de haver entusiasmo na voz. Os e-mails não passavam de fowards de piadas e de vídeos. O sorriso, ainda que sincero, não tinha aquela força que iluminava o olhar. Das primeiras vezes, motivada pela ignorância de quem não sente da mesma maneira, quis saber o motivo da inconstância. Recebi como resposta, a frase que lhe serviu de apresentação.

3 comentários:

T disse...

Claro!! Adiciona! Eu sou pela comunicação e novos conhecimentos.

;)

Mozka Tché Tché disse...

ui....

T disse...

Quanto ao conteúdo do post: ui ui... há tanta gente por aí assim (eu própria, em tempos, já pensei se não seria assim também)