quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Gostos

Num dia que não posso precisar, li um post num blog em que o Autor afirmava pereptoriamente, entre outras, não gostar de Leiria. No dito post, enumerava umas quantas coisas de que não gosta, sem se alongar em explicações. Nos comentários ao post, seguiram-se uma quantidade de "ataques" ao Autor, vendo-se este obrigado a explicar os motivos por que não gostava, motivos esses que foram rebatidos, em resumo, com a ignorância sobre o local.
Não fiquei a pensar nos "ataques" gratuitos, nem me insurgi contra a forma como os comentadores expressam o seu desacordo com o que está escrito nem com as considerações que teceram ao Autor enquanto pessos, que para esse peditório já eu dei há muito tempo.
Fiquei foi a pensar porque raio é que temos quase sempre de explicar o porquê dos nossos não- gostos exaustivamente.
Se repararmos bem, com os gostos não acontece a mesma coisa. Dizer a alguém que gostámos de um filme porque era giro, chega, de uma pessoa porque era fixe, chega; de um restaurante porque se comia bem, chega. Não é cá preciso grandes divagações sobre o que é ser giro, fixe ou bom. A menos que o interlocutor discorde, um adjectivo positivo chega e sobra. Arranca um sorriso e augura um futuro com empatia.
Agora se dizemos que o filme era uma merda, que não achámos piada a A ou a B, que a comida não era nada de especial, lá vêm as quinhentas perguntar para fundamentar o não gosto, a expressão retorcida, o pensamento íntimo de que deve ser ou uma pessoa esquisita ou intratável e a questão sobre onde é o nosso caixote do lixo (esta então, abomino!).
Os não-gostos são tão subjectivos quanto os gostos. Não há uma explicação racional para o facto, não há uma resposta completa a dar. Faz parte dos sentimentos, do irracional, do subjectivo de cada um. Da forma de sentir e de ver a vida. Tão simples quanto isso. Por isso é que se costuma dizer que os gostos não se discutem (lamentam-se). E o mesmo deveria dizer-se dos não gostos.

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