quinta-feira, 25 de junho de 2009

Gosto da sensação de ouvir uma música pela primeira vez e de a rádio não permitir recorrer ao repeat, de a reter na memória e de ter de esperar que saia o cd para a poder ouvir vezes sem conta. Gosto da necessidade de a ter e do objectivo de a saber de cor. Gosto de a pôr a tocar e de ter a certeza que é uma grande música, que fará parte da banda sonora da minha vida. Gosto de a ouvir vezes sem conta, de me arrepiar sempre que me concentro nela, de saber a letra, de descobrir pormenores sonoros que escapam quando se ouve o conjunto. Gosto de me envolver nela e de me deixar levar. Gosto de a cantar e de pensar para mim mesma que a estou a estragar com a péssima voz que Deus me deu.
De vez em quando, lá sai uma que me permite tudo isto. Por agora chama-se "Sleepless heart" e é do Rodrigo Leão, do recém editado "A Mãe".

quarta-feira, 24 de junho de 2009

"Os opostos atraem-se, mas não se unem."
Ter um blog é fácil. Mantê-lo é que é complicado. Como qualquer coisa (pessoa?) para crescer saudável e interessante, precisa de ser alimentado e isso pressupõe tempo, dedicação, investimento e, obviamente, o desvendar de uma quantidade de coisas.
Há dias em que sim, me apetece escrever sobre mim, me apetece desabafar, abrir a alma e descarregar por palavras o que lá vai. Mas mesmo nesses dias, raramente me apetece que me leiam, raramente me apetece que fiquema saber sobre mim tanto quanto eu, que criem uma imagem e que achem que me conhecem de algum lado. Por isso não publico, guardo para mais tarde... apagar.
Noutros dias, apetece-me imaginar personagens, escrever como se fossem elas, dar largas à criatividade. Normalmente publico e rezo a todos os santos para não me comentarem a dar conselhos ou palpites, querendo ver mensagens nas entrelinhas e procurar a autora do blog dentro do personagem.
Noutras vezes, apetece-me desancar livros de merda, como o celebérrimo "Comer, Orar e Amar", de que toda a gente gosta menos eu, (bem, de que grande parte das mulheres divorciadas gosta, melhor dito) divagar sobre os concertos a que fui (ou irei) ou sobre os filmes que vejo no cinema e em DVD todos os fins de semana e que me despertam as emoções, postar uma das músicas da minha vida, descrever os lugares fantásticos por onde tenho passado e escrever sobre as cidades que me ficam na memória do coração. Mas cada vez menos o faço, sem qualquer outra razão que não seja a falta de tempo.
Consequentemente, limito-me a achar que tenho um blog.E que muito pouco faço para o manter.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Sentados na esplanada, enquanto tiravas um dos cubos de gelo da coca-cola com limão que tinhas pedido e o tricavas ruidosamente (esse hábito tão arrepiante e tão teu), não consegui deixar de pensar na força que o acaso tem. Se me tivessem dito há umas horas que ía encontrar uma das grandes paixões da minha vida em pleno Chiado a meio da tarde, tinha-me rido com a ignorância de quem só acredita nas coisas mais terrenas.
Eis-me aqui, à tua frente, nesta busca tão frenética de sinais familiares de quem sabe que tem o tempo contra si, que não me deixa ouvir tudo aquilo que dizes nem responder às perguntas que, com a curiosidade toldada pelo medo das respostas, me vais fazendo.
Começaste pelo mais fácil, elogiando o meu fato de saia e casaco enquanto olhas disfarçadamente para as minhas pernas e aproveitas para recordar o meu fascínio por sapatos de saltos vertiginosos. E eu constato que não mudaste, que sempre foste assim. São os elogios, os olhares ansiosos disfarçados com recordações. Sabes que as mulheres não resistem a elogios misturados com memórias. Sabes que as mulheres gostam que lhes gabem o gosto.
Seguiste para o profissional, aproveitando para me perguntares se continuo a viver no mesmo sítio, porque bem sabes que num T0 não cabe mais ninguém. Perguntas-me pelo meu gato que não simpatizava contigo. Mais uma vez apelas às recordações para me convenceres de que fui importante para ti. Falas, aliás, como se nenhum tempo nos tivesse separado e ainda soubesses onde guardo a lingerie e que preciso sempre de um banho bem quente antes de dormir.
E eu ouço-te e vou-te respondendo. E vou pensando para mim que nós continuamos sempre os mesmos. A nossa vida é que não.
Vai, pois, começar a contagem! :)

sexta-feira, 5 de junho de 2009

"In God we trust; the others pay cash."

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Nem sei se é bem tristeza o que sinto ao constatar que tenho mais consideração pelos outros do que eles têm por mim. Não se é tristeza, se é frustração, se é de resignação o sorriso que esboço quando venho uma e outra vez o mesmo filme. Ao início, ficava revoltada e chorava e sentia-me injusticada e perguntava por que razão eram as coisas assim comigo. Por não valer a pena, fui-me deixando disso. Talvez sejam os meus princípios demasiado rebuscados que me levam a pôr a bitola bem acima do normal e a tratar os outros com demasiado carinho, a dar-lhes demasiada atenção, a atender o telemóvel quando não me apetece, a fazer kilómetros para lhes fazer companhia e sei eu lá mais quantas coisas. No campo pessoal e no profissional, na vida toda, portanto, dou sempre mais do que recebo. Bem mais. Muito mais. E não espero o mesmo em troca. Espero menos. Mas nem esse menos consigo. Paciência!

terça-feira, 2 de junho de 2009

Odeio sentir o "quente" dos desconhecidos. Refiro-me àquela sensação de nos sentarmos numa cadeira aquecida porque alguém acabou de se levantar dali há pouco tempo ou o de nos agarrarmos ao varão no metro ou no autocarro e sentir que alguém esteve ali agarrado há segundos.